ENTREVISTA COM O GRANDE ÍCONE DO CARNAVAL PERNAMBUCANO ALMIR ROUCHE



"Eu tenho o coração aberto para ouvir o que acontece no Brasil e no Mundo. A gente só precisa abrir mais espaço para nossa cultura e valoriza mais a nossa cultura". 


Um dos maiores cantores e compositores de Pernambuco, Almir Rouche chega aos seus 34 anos de carreira como uma das principais expressões artísticas e culturais pernambucana. O cantor se destaca todos os anos no carnaval, quando participa das principais prévias, bailes e blocos, como o Galo da Madrugada, maior bloco carnavalesco do mundo, que atrai anualmente mais de dois milhões de pessoas. Além dos festejos juninos em várias cidades do Nordeste.

Um artista completo, que interpreta, compõe, dança, dirige seus espetáculos e ainda coordena sua banda, formada por notáveis músicos, que o acompanha há anos. Com um repertório repleto de ritmos regionais onde compõe e interpreta gêneros musicais como forró, coco, maracatu, ciranda, caboclinho e MPB.

Sua influência musical é composta por artistas como Capiba, Luiz Gonzaga, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Expedito Baracho, Nelson Ferreira e Ney Matogrosso, além de artistas internacionais, com destaques para o rei do pop Michael Jackson e as bandas britânicas Iron Maiden e Rush, sendo esta última que originou o seu pseudônimo "Rouche", desde antes da carreira profissional.

Nova Canção em homenagem a Serra Negra

Almir Rouche lançou neste ano sua mais nova canção. Serra Negra, em homenagem ao povoado da cidade de Bezerros, no Agreste, conhecido pelo charme do inverno e as calorosas festas juninas. ‘Serra Negra’ foi lançada em todas as plataformas digitais.

Em dezembro de 2020, o cantor recebeu o Título Cidadão de Bezerrense pela Câmara de Vereadores de Bezerros. O proponente da homenagem foi do presidente da Câmara Municipal de Bezerros, o vereador Gabeira (MDB).

Algumas das questões de sua vida, trajetória e curiosidades serão reveladas nesta entrevista pelo musico, compositor Almir Rouche.

Blog Dione Silva - Você já deve ter ouvido diversas vezes essa pergunta, mas porque Rouche? De onde veio esse nome?

Almir Rouche – Bem, o nome Rouche, ele derivou de Rush uma banda inglesa, muito famosa dos anos 80, aí eu cantava algumas músicas dessa banda, e fui ensaiar algumas vezes, com uma banda de baile que eu estava naquela época, a banda Diplomata. E eu levei por três ou quatros vezes consecutivos os LPs do Rush no ensaio, aí eles começaram a me chamar de Almir Rush. E aí eu tinha lido um livro naquela época, chamado ‘Invasão Cultural Norte Americana no Brasil’, fiquei tão encasquetado com aquilo e tal, que eu mudei. Há, não quero meu nome americano não. E aí eu mudei para o que é hoje, Rouche.

Blog Dione Silva - Você imaginava que seria tão reconhecido na área musical?

Almir Rouche - Eu não imaginava ser tão reconhecido na área da música, por que assim, eu sempre fiz música por amar a música, por amar a arte. Então as coisas foram acontecendo naturalmente.

Blog Dione Silva - Quando criança, você tinha outro sonho? O que levou a escolher a ser cantor?

Almir Rouche - Quando eu era mais novo eu tinha vários sonhos. Eu queria ser Jogador de Futebol, eu queria ser Médico, Engenheiro. Mas como eu era muito pobre, não dava para fazer muito, não. Eram só sonhos mesmo. E aí, me deparei com esse dom, no meu caso foi dom. Eu não entrei em escola de música priore para aprender, fui desenvolvendo esse dom e por isso que as coisas foram acontecendo naturalmente.

Blog Dione Silva - Durante a sua trajetória, você já se deparou com situações inusitadas? Qual dessas situações te marcou mais?

Almir Rouche -
Foram várias situações inusitadas. Uma dessas eu tive uma dor de barriga imensa, quando fui fazer um show em Teresina, na inauguração de uma ponte que liga a cidade de Teresina para uma cidade do Maranhão. E eu cantava uma música e ia para o banheiro na outra, uma loucura (risos). As outras coisas assim, teve alguns momentos bacanas que eu tinha preparado, um show, na verdade uma fantasia para o galo da madrugada e foi naquele ano que Chico morreu e bateu uma tristeza muito grande. E aí eu desmontei, coloquei um chapéu. Desmontei a fantasia que era de anjo, eu coloquei uma camisa branca ao invés daquela roupa de anjo, coloquei um óculos, no lugar da fantasia de anjo.

Blog Dione Silva - Sua filha é um espetáculo de simpatia, voz e beleza. Ela canta com você a quanto tempo? E como fica seu coração ao ver tanto brilho dela no palco?

Almir Rouche - Bianca realmente tem uma voz muito linda. E não tem muito tempo não. Ela começou a querer cantar a se profissionalizar mais depois que ela entrou na faculdade. Mas desde cedo que ela canta. Mas eu sempre não deixava por conta dos estudos, para não atrapalhar os estudos. Eu acho essa profissão castiga muito a gente. E eu queria que ela terminasse primeiro a faculdade, porém ela entrou na faculdade e ai, não tem jeito, não tem como segurar, é o que ela quer. Tenho muito orgulho dela, ela canta muito bem e a voz dela é bem angelical, né?

Blog Dione Silva - Almir, o mundo hoje está passando por um dos momentos mais difícil, pelo aumento dos casos da covid19. Durante esse período, como tem sido seus dias no isolamento social?

Almir Rouche –
Caramba. É uma luta para não deixar as pessoas caírem em depressão. Até por que a depressão mata, no que se relaciona a Covid. A gente sente. E eu sinto muito, porque eu trabalho com eventos e a minha área foi a mais afetada, uma das mais afetadas e a última a voltar e a gente não sabe quando. O sofrimento é geral e eu não gosto nem de pensar. O sofrimento é geral. E a gente se comove muito com tudo isso.

Blog Dione Silva - Durante esse período em que a classe artística não pode trabalhar, você lançou sua mais nova música "Serra Negra", como foi esse processo de produção? Você teve o apoio de alguém?

Almir Rouche - Então. Quando eu soube que iria receber o Título de Cidadão Bezerrense e Serra Negra fica no município de Bezerros, um povoado de Bezerros. Eu gosto muito de Serra Negra, gosto do clima, gosto de tudo. E aí, é como se os anjos da música viessem soprar no meu ouvido. Uma retribuição, uma gratidão na verdade. Essa música é uma gratidão imensa que eu tenho à Serra Negra, cidade de Bezerros. Foi assim que ela que ela começou a aparecer na minha cabeça. Eu digo que não é minha. É dos anjos cantores, dos Gabrieis, dos arcanjos cantores. A música é coisa de Deus. Então, quando a gente grava e já distribui em todas as plataformas digitais do mundo, ela não pertence mais a mim pertence a humanidade.

Blog Dione Silva - Você sempre foi presença confirma no Galo da Madrugada, e até é considerado por muitos como 'Rei do Carnaval'. Como você se define em relação a nestes anos todos levando alegria a todos os foliões do Galo da Madrugada?

Almir Rouche - Em relação ao Galo da Madrugada eu me sinto lisonjeado, mas nunca me coloquei como Rei. Sempre me coloquei como um soldado da cultura que defende as coisas que ama, a nossa cultura, nossa arte. Mas que não é barrista. Eu tenho o coração aberto para ouvir o que acontece no Brasil e no Mundo. A gente só precisa abrir mais espaço para nossa cultura e valoriza mais a nossa cultura. Mas isso sem impedir a de ninguém. Eu sou muito simples em relação a isso, eu não tenho rei na barriga, não uso salto alto, eu penso que o que a gente tem que fazer por amor e por verdade e ao Galo eu dou minha verdade.

Blog Dione Silva - Como é o Almir Pai, Almir Esposo e o Almir Família?

Almir Rouche - Ao Almir Pai é um Pai coruja. Ao Almir Esposo é um Almir Carinhoso, sempre fui. Muito amável.

Blog Dione Silva -Como você se define longe dos palcos?

Almir Rouche - Uma pessoa comum, mas que procura praticar em casa com a família a política do beijo, do abraço, do carinho e do amor.

Blog Dione Silva - Você é uma pessoa muito contagiante. Levanta multidões por onde passa. Suas músicas, suas composições são marcas do Carnaval, do São João enfim. Ao todo, quantas músicas você já fez? Existe alguma que você tem mais carinho, mais amor ou não existe isso?

Almir Rouche - Olha, eu nem lembro quantas músicas eu fiz, eu nunca fui muito de contar não. E nem contar os discos que gravei. Se brincar eu não tenho todos os discos que gravei, todos os trabalhos que fiz. Às vezes eu me lembro, eita essa música é minha. Caramba, tinha feito essa música aqui também e tal. Eu trabalho desse jeito. Quando eu faço a música, componho e gravo a música, já foi. É minha por que está registrada, está lá, e tal, mas não me pertence mais. Quem quiser cantar, é do povo. Foi me dado pelos anjos de Deus, foi um dom que Deus me deu, então eu não posso ser tão egocêntrico e acha que tudo isso é meu. Não existe uma música que eu ame mais ou ame menos, né? Eu acho que são todos filhos, filhos a gente ama cada um de um jeito especial. ‘Galo eu te Amo’ eu amo de um jeito especial, essa música é muito bacana, ‘A vida inteira te amar’, ‘Recife Maracatu’, tem tantas outras que eu tenho tanto amor e carinho quanto.

Blog Dione Silva - Você tem ajudado bastante as ONGs que pedem seu apoio sejam em Lives ou em publicações. Como surgiu essa parceria?

Almir Rouche – Essas coisas de ajudar as ONGs vão surgindo naturalmente. É ONG, Associações, a gente está aqui, se eu posso doar a minha música, posso doar minha imagem, não vejo nada de mais nisso, é uma coisa que eu não gosto nem de estar falando muito. Por que eu acho que essas coisas a gente têm que dá com a direita para que a esquerda não veja.

Blog Dione Silva - Como você vê a política do Brasil hoje? Na sua visão, é possível imaginar um país futuro, ou não temos como prevê?

Almir Rouche – Olha, em relação à política, enquanto houver esse extremismo a gente não vai chegar a lugar nenhum por que ninguém está preocupado com o povo. Estão preocupados com 2022, depois vão se preocupar com 2024, porque tem outra campanha em 2026, e aí cara tem que parar com isso, tem que se preocupar menos com campanha e se preocupar mais com o povo. Então, enquanto o Brasil não aprender a votar dessa forma e não aprender a exigir, não aprender a ir para a rua para mudar a constituição, para colocar uma constituição melhor, uma eleição só de quatro em quatro anos a gente vai ficar nessa pindaíba.

Blog Dione Silva - Você tem um carinho enorme pelo Padre Arlindo. Como surgiu essa amizade?

Almir Rouche -
Padre Arlindo é um Homem de Deus. Padre Arlindo passa muita verdade. O amor e carinho por ele foi por conta da caridade que ele se predispõe para com o próximo. Ele faz aquilo que Jesus ensinou. Ele doa amor de todos os jeitos. Amor, carinho, se desdobra pra colocar o pão na mesa das pessoas e eu tenho o maior orgulho de ser amigo do Padre Arlindo. Padre Arlindo é uma amizade de quase 20 anos.

Blog Dione Silva - Já são 34 anos de história. Quais desses momentos te marcaram mais? Teria como definir?

Almir Rouche -
 O momento que mais me marcou foi a homenagem que fiz para Chico Science vestido de anjo. E um dos momentos que mais me marcaram foi um outro momento muito doloroso pra mim também foi a perda de Graça Araújo. Fazia o Carnaval e na apoteose do Galo da madrugada e não vê mais Graça Araújo, pra gente mandar beijo pra ela e ela transmitir o carnaval da gente pra todo mundo.

Blog Dione Silva - Qual mensagem você deixa neste momento, para todos que seguem, admiram, curtem seu trabalho?

Almir Rouche - Olha, a mensagem que eu deixo é ‘Não desista’. Persista. Insista. Ore. Reze. Faça o bem sem olhar a quem. Distribua amor. Distribua carinho. Gentileza gera gentileza. Bom dia, boa tarde, boa noite! Como você está? Está tudo bem? Distribua sorrisos. Sorrisos abrem muitas portas, quebrantam muitos corações. Tenha Fé em Deus, tudo vai passar. Isso também vai passar.


Bianca Rouche e Almir Rouche


Padre Arlindo e Almir Rouche

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