Um pouco da história desse Maestro.

“Temos que ser o mais natural possível para viver melhor”



                    



“Temos que ser o mais natural possível para viver melhor”
Maestro Forró


O irreverente, introspectivo e elétrico revelam as características de Francisco Amâncio da Silva, mas conhecido como Maestro Forró, apelido que leva desde os 12 anos de idade. Nasceu na Comunidade Bomba do Hemetério no Recife no dia 14 de outubro de 1974. Foi lá na comunidade que seu pai Zé Amâncio decidiu morar após década de muita musica na cidade de Aliança na Zona da Mata Norte de Pernambuco. 

Nem passava pela cabeça de Zé que seu filho Chico iria se aprofundar, e ser reconhecido por onde passar. Em busca da universalidade de ritmo, Maestro Forró além de músico é também compositor e arranjador, e traz uma musicalidade que se mescla com outros ritmos, onde acumula experiência e tem uma carreira sólida deixando sua marca registrada. 

Viveu o arraiar da vida nessa comunidade e em 2002 criou na sua residência a escola comunitária de musica Zé Amâncio e assim nasceu a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério (OPBH) onde é regente. Iniciou seu estudo na Escola Dom Vital De lá traz para o universo sua trajetória na área musical, nem sabia ele que a partir daí iria se tornar reconhecido. Algumas das questões de sua vida e trajetória serão reveladas nesta entrevista pelo musico, compositor e Maestro Forró.

Dione Silva - Quem é Francisco Amâncio?

Maestro Forró - Francisco Amâncio da silva é uma figura muito feliz em ter a sorte de ter nascido em uma comunidade tão diversificada. Agradeço por ter a oportunidade de nascido já em uma casa de ambiente musical.

DS- Quem é Maestro forró?

MF- Maestro Forró eu diria que é uma serie. Um conjunto de diversidade que se transforma em uma unidade. Maestro Forró é um personagem que eu criei entre varias funções. As duas principais seria a desburocratizar e desmistificar. Quebrar o ícone a figura do maestro, apesar do Maestro Forró e o Francisco Amâncio serem um produto direto daquela imagem e tradição. A gente se influenciou diretamente de maestros tradicionais basicamente, e aí a gente adiciona às linguagens tradicionais, as linguagens acadêmicas, a gente adiciona essa linguagem de espontaneidade e a alegria. Então eu diria que é um conjunto de diversidade que se transforma em uma unidade.

DS- Você já deve ter ouvido varias vezes essa pergunta, mas por que Forró? De onde veio esse apelido?

MF- Eu recebi esse apelido do Mestre Tenório meu professor de música. Na festa junina meados dos anos 80, grande parte dos alunos entre 12 e 14 anos cantavam musicas do gênero internacional, musicas do momento tipo adocica de Beto Barbosa, e outras musicas de lambadas e eu fui lá e cantei o forró de Azulão, forrozeiro de Caruaru e depois Cantei Luiz Gonzaga. E meu professor de musica Mestre Tenório me perguntou como era que eu sabia aquelas musicas dos anos 50 e 60. Contei que eram musicas que meu pai escutava e então ele com a mania de colocar apelidos nos alunos, disse pra mim “vou lhe batizar de Forró”. Esse foi o apelido colocado por Tenório.

DS- Antes da musica, como foi sua infância na Comunidade Bomba do Hemetério?

MF- Da mesma forma que sou hoje. Sempre fui muito entrosado, eu nasci aqui. Nunca pensei em sair daqui. É uma comunidade muito feliz, recebeu muita ajuda do universo de alguma forma. Porém, na minha adolescência eu confesso que cheguei a ter vergonha de ser filho de Zé Amâncio, pois ele só escutava musicas do interior, e outra coisa, as pessoas tinham vergonha de morar na Comunidade. Quando alguém perguntava: onde você mora? Dizia assim que morava ali em Agua Fria, Arruda, perto do Campo do Santa Cruz, mas não queria dizer Bomba do Hemetério. E hoje nós temos orgulho do que a comunidade se tornou.

DS- Você imaginava que seria tão reconhecido na área musical?

MF- Nem sei que patamar é esse que as pessoas dizem. E não digo patamar, eu não tinha direção da ambição. Eu nem imagina. Porque minha ambição com a orquestra era fazer a formação de todos nós musicalmente quando criei em 2002, mas eu não tinha essa ambição mercadológica e nem pensava no produto final. E como consequência natural esse trabalho virou um produto final com grande reconhecimento.

DS- Uma das coisas que você gosta é a mistura de sons, ritmos e culturas. Como foi pra você gravar um programa Andante que mostra a mistura de sons com povos diferentes?

MF- Os opostos se atraem. Quando gravei a serie Andante a proposta foi intensificar ainda mais a adversidade cultural, a comunicação entre as linguagens. Então foi muito bom conhecer novas pessoas novas linguagens. Diria que é liquidificar, misturar esses diferentes ritmos e essas expressões com o mundo.

DS- Você falou em liquidificar, desmitificar e desburocratizar. Seguindo esse pensamento qual mensagem você deixa para todos que admiram do seu trabalho?

MF- Acredito que ninguém nasce ruim. Um exemplo disso é o bebê, ele é natural. Ele chora de verdade, sorrir de verdade. E eu fico muito feliz quando uma criança pede para tirar uma foto, porque ela é pura, sincera, não tem maldade. Se ela gostar de você ela gosta, se não gosta ela dá as costas e vai embora. A dica que eu dou está na mão da gente. Primeiro: A gente pode está para cima ou para baixo ou mais ou menos (sinal de positivo e negativo). Segundo: Nunca aponte o dedo para o outro. Você esquece que aponta um dedo para o outro e esquece os outros dedos que estão virados para você. Terceiro: Não seja a bola da vez na opinião do outros. Seja você. Quarto: Aceite o outro como ele é. É muito difícil mudar o outro, você não conseguiu muda a sim próprio. Aceitar é entender. E por ultimo eu digo, o presente é inevitável. Tudo que falei até agora é um passado presente. E a gente pode evitar. O amanhã é outro dia. Vamos viver o presente. O presente é inevitável. Vamos caminhar.

Comentários

  1. Oi Dione, tudo bem? Estou tentando contato com o Maestro Forro tem algumas semanas, mas sem sucesso. Será que poderia me ajudar? Tem algum e-mail ou telefone de contato dele? Obrigado!

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